sexta-feira, 28 de março de 2008

Vinha de Luz

Francisco Cândido Xavier - Espírito Emmanuel

Brilhe vossa luz

Meu amigo, no vasto caminho da Terra, cada criatura procura o alimento espiritual que lhe corresponde à posição evolutiva.
A abelha suga a flor, o abutre reclama despojos, o homem busca emoções. Mas ainda mesmo no terreno das emoções, cada espírito exige tipos especiais.
Há sofredores inveterados que outra coisa não demandam além do sofrimento, pessimistas que se enclausuram em nuvens negras, atendendo a propósito deliberado durante séculos. Suprem a mente de torturas contínuas e não pretendem construir senão a piedade alheia, sob a qual se comprazem.
Temos os ironistas e caçadores de gargalhadas que apenas solicitam motivos para o sarcasmo de que se alimentam.
Observamos os discutidores que devoram páginas respeitáveis, com o único objetivo de recolher contradições para sustentarem polêmicas infindáveis.
Reparamos os temperamentos enfermiços que sorvem tóxicos intelectuais, através de livros menos dignos, com a incompreensível alegria de quem traga envenenado licor.
Nos variados climas do mundo, há quem se nutra de tristeza, de insulamento, de prazer barato, de revolta, de conflitos, de cálculos, de aflições, de mentiras…
O discípulo de Jesus, porém – aquele homem que já se entediou das substâncias deterioradas da experiência transitória –, pede a luz da sabedoria, a fim de aprender a semear o amor em companhia do Mestre…
Para os companheiros que esperam a vida renovada em Cristo, famintos de claridade eterna, foram escritas as páginas deste livro despretensioso.
Dentro dele, não há palavras de revelação sibilina. (revelação profética, ou difícil de compreender)
Traduz, simplesmente, um esforço para que nos integremos no Evangelho, celeiro divino do nosso pão de imortalidade.
Não é exortação, nem profecia. (incitação, indução – incitar, induzir)
É apenas convite.
Convite ao trabalho santificante, planificado no Código do Amor Divino.
Se a candeia ilumina, queimando o próprio óleo, se a lâmpada resplende, consumindo a energia que a usina lhe fornece, ofereçamos a instrumentalidade de nossa vida aos imperativos da perfeição, para que o ensinamento do Senhor se revele, por nosso intermédio, aclarando a senda de nossos semelhantes.
O Evangelho é o Sol de Imortalidade que o Espiritismo reflete, com sabedoria, para a atualidade do mundo.
Brilhe vossa luz! – Proclamou o Mestre.
Procuremos brilhar! – Repetimos nós.

Emmanuel

quarta-feira, 12 de março de 2008

Poema de Neruda

Morre lentamente...
Quem não lê,
Quem não viaja,
Quem não ouve música,
Quem não encontra a graça em si mesmo.

Morre lentamente,
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
Quem se transforma em escravo do hábito
repetindo todos os dias, os mesmos trajetos.
Quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
Quem evita uma paixão e seu redemoinho
de emoções, justamente as que resgatam
o brilho dos olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente,
Quem não vira a mesa quando está
infeliz com o seu trabalho, ou amor.
Quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho.
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!

Pablo Neruda