quarta-feira, 12 de março de 2008

Poema de Neruda

Morre lentamente...
Quem não lê,
Quem não viaja,
Quem não ouve música,
Quem não encontra a graça em si mesmo.

Morre lentamente,
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
Quem se transforma em escravo do hábito
repetindo todos os dias, os mesmos trajetos.
Quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
Quem evita uma paixão e seu redemoinho
de emoções, justamente as que resgatam
o brilho dos olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente,
Quem não vira a mesa quando está
infeliz com o seu trabalho, ou amor.
Quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho.
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!

Pablo Neruda